30/10/2013

Empresas de beleza se apoiam em matéria-prima natural e sustentável para gerar receita

Iniciativas sustentáveis são cada vez mais comuns ao mercado brasileiro. A utilização de matérias-primas cedidas pela natureza para a composição de produtos de origens diversas, em baixa e larga escala, tal como a preocupação na redução do uso de água e energia durante o processo de produção, deslancha entre as principais bandeiras do setor industrial nos últimos anos, principalmente o de cosméticos, beleza e produtos de higiene íntima.

Alagoas adere à proposta ambientalista que atinge os quatro cantos do mundo a passos curtos, mas com representação já admirável. É o caso da cooperativa Natu Capri, situada no município de Maravilha, sertão do estado, onde 20 mulheres encontraram ocupação e fonte de renda com a produção artesanal de sabonetes medicinais e aromáticos através do leite de cabra e de ervas. 

Vitória Marcos, presidente adjunta da cooperativa, conta que a escolha desta matéria-prima se deu pelos benefícios que ele oferece para a pele. “Trabalhamos com dois elementos fundamentais e disponíveis na natureza: as proteínas do leite de cabra e o aroma das ervas cultivadas na caatinga. Assim o leite de cabra possui um PH bastante semelhante ao da pele humana, com propriedades rejuvenescedora e calmante. Além disso, ajuda a clarear e suavizar a pele”, explica.

Além dos 10 tipos de sabonete hoje desenvolvidos, há também a produção de esponjas vegetais. A diversidade de produtos deve crescer nos próximos anos e se estender para xampus, condicionadores e hidratantes, e também uma linha voltada exclusivamente à garotada. A cooperativa produz cerca de 500 sabonetes por mês, parte para comercialização direta e os demais ficam reservados em estoque, para encomendas imediatas. Os principais clientes são populares, em feiras pelo estado e também em outras praças como o Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Minas Gerais. Em 2012 a receita gerada pela Natu Capri foi de R$ 25 mil, 30% a mais ao obtido no ano anterior.

A visão empreendedora das artesãs de Maravilha ampliou no último mês de janeiro, com a visita à fábrica da Natura, maior fabricante brasileira de cosméticos e produtos de higiene e beleza e líder no setor de venda direta no Brasil, no interior de São Paulo. Lá, elas conheceram passo a passo a produção dos itens e puderam amadurecer o olhar organizacional sobre a cooperativa.

Outro exemplo de empresa amiga da natureza, a Depily, em Maceió, especializada em depilação, utiliza cera de fabricação artesanal e 100% natural. Jaciane Santana, uma das proprietárias do centro de estética, conta que este diferencial é o que agrada. “A aceitação do produto caseiro é grande entre nossas clientes. A textura é diferente, a saída dos pelos também, sem contar que, por ser inteiramente natural, as chances de alergia diminuem significantemente. Quando falamos de higiene íntima, isto é importante”, conta a empresária.

Cera bruta é a matéria-prima, comprada de um fornecedor. A partir daí, a produção é caseira, num espaço de formulação artesanal, onde é dado seguimento aos demais passos da receita criada após vários experimentos sem elementos químicos. A análise de pureza do material é feita com frequência em laboratórios, para garantir o padrão de qualidade. Segundo Jaciane, o retorno financeiro compensa em comparação à compra da cera já pronta.

Exemplo Nacional

A aspiração destas pequenas empresas é refletida em multinacionais do ramo, a exemplo da própria Natura. Uma das pioneiras no uso sustentável da biodiversidade brasileira em cosméticos no País, com 44 anos de existência, a empresa foi destaque no ranking do grupo canadense de pesquisa Corporate Knights, com a vice-liderança entre as companhias mais sustentáveis do planeta. O topo da lista ficou com a empresa belga de tecnologia e reciclagem Umicore.

A marca desenvolve ações sustentáveis que vão além da fabricação de seus produtos. Foi pioneira ao colocar no mercado a opção refil e a tabela ambiental nos produtos, além de vegetalizar as fórmulas de seus produtos, usando ingredientes de fonte renovável. A empresa também utiliza o conceito de ecodesign, visando facilitar a reciclagem no pós-consumo, e tem o compromisso com a redução das emissões de carbono.

Em 2000, inovou ao lançar uma plataforma de produtos desenvolvida a partir do uso sustentável da biodiversidade brasileira – a linha Ekos –, estabelecendo parcerias com fornecedores rurais (comunidades tradicionais e grupos de agricultores familiares) em algumas regiões do Brasil para fornecimento de insumos. Além disso, integra uma rede de excelência capaz de promover pesquisa e tecnologia, descobrir novos ativos e buscar o aprimoramento de produtos e processos, agregando valor à biodiversidade brasileira. A empresa estimula a organização e a capacitação dos fornecedores rurais e busca participar da construção de cadeias de valor e de preço justo das matérias-primas, visando à promoção do progresso social e econômico desses fornecedores e a adoção de processos produtivos de menor impacto ambiental.

Vários são os processos e os sistemas de gestão específicos ligados à questão da biodiversidade na Natura: seleção de ativos candidatos à pesquisa, regulamentação para pesquisa desses ativos, desenvolvimento de produtos e testes, desenvolvimento de fornecedores de grande, médio e pequeno porte e identificação de comunidades fornecedoras, certificação ambiental e os processos ligados aos impactos sócio-ambientais que a atividade produtiva provoca nas comunidades fornecedoras, entre outros.

“O trabalho com os pequenos produtores, além de agregar valor aos nossos produtos, gera benefícios sociais, ambientais e econômicos para essas populações, buscando estimular o uso sustentável da sociobiodiversidade. Os acordos comerciais preveem, principalmente, o pagamento pelo fornecimento da matéria-prima, além da repartição de benefícios obtidos pela comercialização de produtos que utilizam os insumos da biodiversidade. Em algumas regiões, a Natura também cria fundos ou estabelece parcerias para a melhoria da infraestrutura das organizações, realização de oficinas e cursos para aperfeiçoar técnicas de produção sustentável”, explica a diretora de Sustentabilidade da Natura, Denise Alves.

A ambição em trabalhar pela sustentabilidade dá à Natura a abertura para investir um bilhão de reais no ecossistema até 2020, visando o alcance do mercado que atinge toda a América Latina. “Temos um compromisso com a questão ambiental, marcado pela crença de que a perenidade de nosso negócio passa necessariamente pela redução de nossos impactos e de toda a nossa cadeia produtiva. O meio ambiente ganha com a diminuição do impacto ambiental. Ganha também com a valorização dos ativos da biodiversidade brasileira”, ressalta Denise Alves.


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